Definições de Marketing?

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O termo “marketing” é amplamente utilizado no mundo dos negócios, na academia e na vida cotidiana. Contudo, apesar de sua popularidade, a compreensão do que realmente é marketing varia significativamente entre profissionais, estudantes e até mesmo teóricos da área. Isso ocorre porque o marketing é uma disciplina multidimensional, em constante evolução e diretamente conectada a fatores econômicos, culturais, tecnológicos e sociais.

Este artigo apresenta uma análise aprofundada sobre as principais definições de marketing, desde suas versões clássicas até abordagens contemporâneas, com base nos autores mais relevantes da história da administração, da comunicação e do comportamento do consumidor.


1. O marketing como processo de troca

Uma das formas mais fundamentais de compreender o marketing é como um processo de troca. Este conceito está presente em diversas definições e constitui uma das bases estruturais da teoria do marketing.

Philip Kotler (2000)

“Marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm aquilo de que necessitam e desejam, criando, oferecendo e trocando produtos de valor com outros.”

Kotler integra as dimensões social e gerencial, destacando que o marketing não é apenas uma função das empresas, mas um fenômeno inerente às relações humanas. Essa definição enfatiza três conceitos centrais:

  • Necessidades: condições básicas da existência humana.

  • Desejos: formas específicas que as necessidades assumem, moldadas pela cultura e pela personalidade.

  • Valor: percepção de benefícios em comparação aos custos da transação.

A troca só ocorre quando ambas as partes percebem valor no processo.


2. O marketing como filosofia de gestão

Outra perspectiva entende o marketing como uma filosofia organizacional, que orienta toda a empresa.

Peter Drucker (1954)

“O objetivo do marketing é conhecer e entender tão bem o cliente que o produto ou serviço se adapte a ele e se venda por si só.”

Aqui, o marketing não é tratado como um departamento isolado, mas como uma mentalidade empresarial centrada no cliente. Para Drucker, quando uma empresa compreende profundamente seu público, a venda torna-se uma consequência natural do alinhamento entre a oferta e as expectativas do mercado.


3. O marketing como criação de valor

As definições mais modernas colocam o marketing como um processo contínuo de criação, entrega e comunicação de valor.

American Marketing Association (AMA, 2017)

“Marketing é a atividade, o conjunto de instituições e os processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor para os consumidores, clientes, parceiros e a sociedade em geral.”

Essa definição amplia o escopo do marketing, incluindo:

  • A consideração de stakeholders além dos clientes, como parceiros e a sociedade.

  • A ênfase em processos e instituições, e não apenas em ações isoladas.

  • A centralidade do conceito de valor, que vai além da simples venda de produtos.


4. O marketing como construção de relacionamentos

Com o avanço da era digital, surge a perspectiva do marketing como gestão de relacionamentos de longo prazo.

Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017)

“Marketing é o processo de construir relacionamentos lucrativos com os clientes, entregando valor superior e obtendo valor em troca.”

Este conceito desloca o foco da transação para o relacionamento contínuo. Os consumidores deixam de ser vistos apenas como compradores e passam a ser considerados parceiros ativos, capazes de influenciar, cocriar e fortalecer a proposta de valor das marcas.


5. O marketing como comunicação de histórias

No cenário contemporâneo, o marketing também é entendido como a capacidade de criar narrativas significativas que estabelecem conexões emocionais.

Seth Godin (2005)

“Marketing é a arte de contar uma história tão envolvente que as pessoas escolham ouvi-la.”

Para Godin, a força do marketing reside na criação de narrativas autênticas, capazes de gerar pertencimento, significado e identificação, muito além das características técnicas dos produtos.


6. O marketing como ciência aplicada

A visão analítica do marketing apresenta-o como uma ciência aplicada, orientada por dados, lógica e processos mensuráveis.

Malcolm McDonald (2007)

“Marketing é a gestão lucrativa de relacionamentos com clientes por meio da análise de mercado, segmentação, posicionamento e controle do mix de marketing.”

Essa perspectiva enfatiza que o marketing é um processo sistemático, baseado em:

  • Análise de dados e de mercado.

  • Segmentação de clientes.

  • Posicionamento competitivo.

  • Gestão dos 4Ps (produto, preço, praça e promoção).

Com a ascensão do marketing orientado por dados, esta abordagem torna-se ainda mais relevante.


7. O marketing como construção de marca

Para muitos especialistas, a essência do marketing está na criação, gestão e fortalecimento de marcas.

David Aaker (1991)

“Marketing é o processo de criar identidade de marca, desenvolver diferenciação e gerar associações positivas que incentivem a lealdade do consumidor.”

Neste contexto, o marketing vai além da venda de produtos e se posiciona como responsável pela construção de ativos intangíveis, como reputação, imagem e valor simbólico.


8. O marketing como experiência

Em um mercado dominado pela economia da experiência, o marketing é visto como um projetista de experiências memoráveis.

Bernd Schmitt (1999)

“Marketing é sobre criar experiências sensoriais, afetivas e cognitivas que proporcionem valor emocional ao consumidor.”

Esse entendimento destaca a importância de gerar sensações, emoções e memórias associadas à marca, indo além da simples satisfação funcional.


9. O marketing como sistema

Por fim, há a definição que enxerga o marketing como um sistema integrado dentro da organização, conectado às demais áreas e ao ambiente externo.

Ferrell e Hartline (2011)

“Marketing é um sistema integrado de atividades destinado a planejar, desenvolver, promover e distribuir produtos que satisfazem desejos e necessidades em mercados-alvo.”

Essa definição reforça a ideia de que o marketing deve ser um componente estratégico, interdependente e essencial para o funcionamento organizacional.


10. Comparativo das Definições

Autor/Entidade Enfoque Principal Ênfase
Philip Kotler Processo social e gerencial Necessidades, desejos e valor
Peter Drucker Filosofia de gestão Orientação total ao cliente
AMA (2017) Processos e stakeholders Valor para clientes e sociedade
Seth Godin Narrativa e significado Storytelling e conexão emocional
Malcolm McDonald Análise e planejamento Lógica, dados e mensuração
David Aaker Construção de marca Diferenciação e percepção
Bernd Schmitt Experiência sensorial Valor emocional e sensorial
Ferrell e Hartline Sistema organizacional Integração com toda a empresa

Conclusão

A multiplicidade de definições de marketing revela que não há um conceito único e absoluto. O marketing é uma disciplina dinâmica, que se adapta aos contextos econômicos, sociais, tecnológicos e culturais.

Apesar das diferenças nas abordagens, três elementos aparecem com recorrência:

  1. Foco no cliente: O marketing moderno é, acima de tudo, orientado pelas necessidades, desejos, comportamentos e valores dos consumidores.

  2. Criação e entrega de valor: Toda ação de marketing visa criar, comunicar e entregar valor percebido, seja funcional, emocional, social ou simbólico.

  3. Integração organizacional: O marketing não é uma função isolada, mas um sistema que interage com todas as áreas da empresa e com seu ecossistema.

Além disso, conceitos como experiência do consumidor, branding, storytelling, sustentabilidade, inclusão, empatia e uso de dados ganham protagonismo no ambiente contemporâneo, que exige que as marcas se posicionem não apenas como vendedoras de produtos, mas como agentes de transformação social, cultural e ambiental.

Compreender essas definições e suas aplicações práticas é indispensável para qualquer profissional, gestor ou estudante que deseja utilizar o marketing como uma ferramenta estratégica, ética e sustentável para geração de valor no século XXI.